Em 18 de agosto de 2013
No ultimo sábado, a comunidade acadêmica foi surpreendida por um movimento de estudantes, denominado “fora catracas”, conforme cartazes expostos e palavras de ordem do grupo organizado, originado em sala de aula, segundo informações, em solidariedade a estudantes que não tiveram acesso aos módulos, por não apresentarem a identificação para leitura pelo sistema eletrônico de vigilância e controle. Alegavam ser injusta a orientação da instituição para a solução de encaminhamento à aquisição de um segundo cartão, mesmo opcional.
Ao tomar conhecimento da manifestação, como diretor geral, solicitei imagens e áudio do movimento, orientei aos seguranças e funcionários para respeitarem a liberdade, em se tratando de adultos e alunos com matrícula e responsabilidade sobre os seus atos, sobretudo no espaço acadêmico. Adverti-os, porém, a que todos ficassem atentos aos registros dos excessos e dos atos e fatos que viessem a gerar prejuízos à instituição, professores e estudantes, sempre respeitando a vontade dos manifestantes. Orientei para que fossem atendidos por um gestor da Faculdade, coordenador de curso, visando à escuta necessária aos encaminhamentos. Lamentavelmente, o gestor não foi ouvido. Percebeu-se que os manifestantes não tinham uma pauta de reivindicação, apenas gritos, palavras de ordem grosseiras, desprovidas de fundamento, ainda que nos limites permissíveis. Ao meio-dia, emiti um parecer orientando a construção de uma pauta com horário marcado para protocolo. Às 16h30min, compareceram 4 (quatro) estudantes, para justificar a inexistência de pauta, informando que se reuniriam durante a semana para apresentação posterior.
Vale ressaltar, que resolvemos não divulgar, previamente, os prejuízos materiais causados à instituição, as agressões perpetradas aos docentes (físicas e morais), a estudantes, funcionários e turmas, pelo nível de comentários e imagens veiculadas nas mídias sociais. Os dados estão sendo levantados e catalogados, criteriosamente, para apreciação em caráter administrativo, acadêmico e jurídico.
A nossa tranquilidade e deliberação para que os manifestantes usassem, de forma plena, os espaços da Faculdade foram em decorrência de que todos são alunos com vínculo institucional (por matrícula), regidos pelas normas internas, devidamente identificados e monitorados. Por isso, legalmente responsáveis por todos os seus atos, ao inverso de movimentos em espaços públicos formados por pessoas anônimas.
A AGES nasceu há 31 anos com o propósito de educar pessoas e transformar a região. Durante esses anos, idealizei um estudante crítico, reflexivo, atuante e desprovido de vazio ideológico. Por isso, investimos em método com práticas pedagógicas diferenciadas e em infraestrutura acadêmica. Há dois dias, venho tentando interpretar as cenas de gritaria, invasão de espaços, dentre outras, inclusive comentários e imagens divulgados pelos autores nas mídias sociais, citando nomes e palavras diminutas que destoam do projeto de formação de pessoas que sonhei. Carrego o sentimento de tristeza, como educador, que jamais será compensado pelo sucesso empresarial, considerando que essas atitudes, mesmo isoladas dos estudantes, evidenciam a predominância dos interesses econômicos sobre o projeto de educação que idealizei para a região. Não sei se será melhor continuar a gestão da AGES como educador com foco na pessoa humana, no estudante como sujeito que aprende, ou como empresário, com foco no cliente, na satisfação de ter respostas rápidas para os problemas que levem a uma breve satisfação no âmbito do espaço físico, ou abrir mão de ambos, levar uma vida mais contemplativa, desfrutando do que já construí, vendo a vida passar, como espectador, de uma nova ordem social e humana. A reflexão continua. O que ainda nos faz escrever é a certeza, confirmada pelos dados, de que o amálgama contou com apenas 10% da classe. Não obstante os distúrbios, os docentes continuaram nas salas, mesmo sem conseguir produzir por conta da desordem. Outrossim, cabe lembrar, que muitos que até o momento não puderam ingressar na Academia, esperam por vagas; para eles, há esperança.
Não sou contrário a movimentos reivindicatórios, pelo contrário. Assisti a uma manifestação de alunos da casa, há anos, depois de várias audiências e apelo ao governo para recuperação da rodovia BA 220, com a participação de alunos pensantes, focados em objetivos claros e com pauta que justificava o evento.
Mesmo considerando a manifestação sem legitimidade, tendo em vista a ausência de pauta protocolada junto à instituição, caracterizada como um ATO DE INDISCIPLINA, aguardamos até a próxima sexta-feira, dia 23 de agosto, a formalização das reivindicações para análise e posterior deliberação.
Esclarecemos aos demais estudantes que, durante toda a semana, a partir de segunda-feira, várias medidas serão discutidas e adotadas pela instituição, no sentido de manter a ORDEM nos ambientes de aula e práticas docentes, módulos, salas, auditórios, biblioteca e demais dependências do campus, prevalecendo o silêncio necessário ao desenvolvimento das atividades, ficando assim proibido todo e qualquer movimento liderado por estudantes sem a orientação dos professores com relação pedagógica, dentro do campus. Ficam os alunos no direito de realizar qualquer manifestação, desde que seja fora do campus da Faculdade AGES.
No período de 19 a 24/08, uma comissão de colaboradores, junto à assessoria jurídica, levantará dados sobre os danos causados à instituição, professores, conferencistas da Semana de História e estudantes, com ênfase para a suspensão de aulas para os devidos encaminhamentos e responsabilização aos infratores com abertura de Processo Administrativo Disciplinar junto ao Conselho de Ética.
Até manifestação definitiva da instituição, para conclusão do processo em discussão, seja no sentido de melhorar condições de ensino, da infraestrutura ou para o que for preciso, ficam os professores orientados a trabalhar conteúdos, construção de competências, habilidades, práticas educativas, estágios e avaliações previstas nos projetos de curso, com média e alta complexidade, aproveitamento máximo do tempo e registro de frequência no início das aulas e logo após o intervalo com tolerância máxima de apenas 5 (cinco) minutos, com direito à revisão de faltas somente os alunos amparados por lei, após abertura de processo na secretaria geral.
Considerando ser a AGES uma instituição privada, com Projeto Pedagógico, Contrato de Prestação de Serviços Educacionais e com PERFIL DO ALUNO bem definido, a secretaria geral, durante esta semana, estará disponível para emissão imediata de transferências, por iniciativa daqueles que não estiverem satisfeitos com a instituição e desejarem o afastamento imediato, com isenção de taxas institucionais, como incentivo à medida. As transferências do interesse da instituição serão emitidas de imediato, aos reincidentes, com passagem pelo Conselho de Ética e após apuração dos fatos, se julgados pertinentes pelo referido Conselho.
Vale lembrar que as medidas visam o respeito aos interesses das partes. Entendemos que o direito que todos tiveram de manifestar insatisfação à instituição deve existir ou não em seu quadro de alunos, e compete a cada um continuar ou não, na instituição. Por isso, não cabem atitudes de perseguição, apenas respeito. Inclusive, preservaremos os nomes dos estudantes transferidos, envolvidos em processos disciplinares, sem publicidade.
Lamentamos pela decisão, mas almejamos pontuar o que podemos e pretendemos fazer (ou não), encerrar a discussão e garantir a tranquilidade daqueles que aceitam o projeto da instituição com energias voltadas para o fazer pedagógico e o bem exigido pela vida acadêmica.
Deve-se frisar que, a partir de hoje, qualquer atividade ou discussão no espaço da aula ou nas dependências da instituição, que não tenha relação com o projeto de trabalho dos professores, em aula, serão consideradas manifestações e ato de indisciplina, sendo os envolvidos responsabilizados pelos atos, de acordo com o Regimento Interno da Instituição.
A equipe de segurança trabalhará no sentido de garantir a ordem no campus, com o apoio de autoridades externas, caso seja necessário.
Para facilitar o acesso dos estudantes às salas, até o limite de 5 (cinco) minutos, seja no turno noturno, seja no Calendário Alternativo, ficam as catracas liberadas até o dia 24 de outubro, quando novas regras serão apresentadas com ampliação do rigor que possa garantir a segurança dos estudantes e professores nas dependências do campus, mesmo que o método de identificação seja aperfeiçoado, com total garantia de que terão acesso aos módulos exclusivamente estudantes devidamente matriculados, professores e colaboradores ou pessoas autorizadas em situações especiais.
Em tempo, diziam os manifestantes, em forma de gritos, que queriam falar com o diretor. Deixo claro que dialogarei sempre que solicitado, desde que a linguagem e o nível dos estudantes sejam compatíveis com o perfil da AGES e à altura do respeito que sempre demonstrei aos alunos, professores e à sociedade. Prezei, sempre, pela formação de pessoas com capacidade para formulação de proposituras, demandas e questionamentos inteligentes, reflexo do método ativo aplicado pela IES. Até que cheguem a esse nível, mandarei representantes com competência e alçada para tomada de decisões.
Através da equipe de comunicação, damos ciência deste informe para os e-mails dos estudantes e professores, com afixação em murais.
Prof. José Wilson dos Santos
Diretor Geral
Diretor Geral
Só esperamos que as medidas tomadas na manifestação de reivindicação da BA 388 não tenham o mesmo teor que essa. Isso faz lembrar cenas de outros filmes já passados no Brasil.
Fonte: Página do grupo "A Revolta das Catracas" (Facebook)
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