O texto a seguir é do Prof. Thiago Felipe, professor de História da Religião e teólogo mineiro.
" ENSINANDO O PADRE A REZAR A MISSA...
Vários acontecimentos atuais na Igreja Católica revelam uma crise cada vez mais perpetrante na religião. Da recusa ao Concilio Vaticano II à autoridade papal, católicos que desconhecem o Evangelho e até mesmo textos da patrística bailam entre as encíclicas papais e as falas dos "santos" que lhes convêm para formatar um catolicismo particular e de conveniência, logo, que não existe.
Estão questionando a doação do Papa de fragmentos da Cruz à Igreja Anglicana caindo num anacronismo histórico onde o ressentimento e ódio esvaziam as experiências de tolerância, paz e fraternidade entre Igrejas cristãs. Parece até que o Papa mandou uma relíquia para o anticristo e não para quem partilha da mesma simbologia da Cruz.
No Brasil, após acusarem a CNBB de apostasia e comunismo, os mais santos que a Eucaristia querem agora reivindicar a manutenção das palavras na tradução portuguesa do missal vigente à qual sempre contestaram em razão do preterido latim.
Acontece que, a CNBB realizou uma nova tradução portuguesa mais fiel ao latim e bem mais piedosa até. As santinhas de véu e os tradicionalistas, contáveis no número descrito no Apocalipse com lugares marcados na arca de Noé, estão descontentes e começaram a vociferar nas redes contra o missal que ainda nem conheceram. No mínimo uma esquizofrenia religiosa salpicada de palavras apocalípticas das nossas senhoras de Anguera e Fátima com trechos desconexos do padre Pio. Mesmo sem compreender a beleza e significado de uma liturgia, querem ensinar o vigário a rezar missa... com todos os fetichismos e indulgências que supostamente reduzem as penas purgatoriais os ditos "catolicos" fazem um verdadeiro inferno nas comunidades de fé e redes sociais.
A experiência cristã é muito linda para ser esvaziada por esses grupos que a reivindicam aos seus moldes. A atitude deles revela no entanto uma profunda ausência de sentido que deseja encaixotar e rotular o Absoluto tirando o que ele tem de mais sagrado. Por outro lado, revela ainda a necessidade de algo que realmente preencha o vazio existencial e que ainda não têm. A nostalgia de um passado (tido como ideal) que não viveram faz desconectar tudo e todos do tempo presente não sobrando nada para re-ligar. Um prato cheio para criar autoritarismos, fanatismos e ódio à guisa do fascismo usando a máscara da pseudo-religião."
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