O Monte é um Povoado do Município de
Banzaê-BA, localizado a sudeste do município, a 17km da sede, com aproximadamente
700 habitantes, dos quais cerca de 200 se encontram no estado de São Paulo, a
maior concentração encontra-se na cidade de Santos. Existem duas versões em
relação ao descobrimento do Monte. A primeira é foi habitado primeiramente por
um senhor chamado José Dionísio de
Oliveira, nascido na Fazenda Baixa, em 1855. Chegou aqui em 1885. Casou-se
com a Sra. Maria Francisca de Oliveira, tiveram 11 filhos (oito mulheres e três
homens). Seus respectivos nomes eram: Maria, Joana, Ursulina, Júlia, Alberta,
Jovencia, Jesusína, Ana, Alfredo, Joaquim e José. Eles trabalhavam na comunidade
como carpinteiros e agricultores.
Morreu em 1948, aos 93 anos. Hoje
comunidade do Monte é habitada por cerca de 75% de seus descendentes entre
netos, bisnetos e trinetos.
A outra versão é que foi descoberto por
um senhor chamado Miguel Curvelo dos Santos, um senhor de escravos, que veio do
município de Tucano, o qual possuía cerca de 15 escravos. Casou-se com Doma
Moça, com quem teve um filho e sete filhas. Não se sabe ao certo quando Sr.
Curvelo chegou no Monte, mas pesquisas apontam para o ano de 1840 ou 1850
aproximadamente e recebeu esse nome porque é rodeado de serras.
No início tinham poucas casas, feita
de taipa (enchimento de barro). A comunidade era coberta por grandes árvores.
Existia, também, casa de farinha de rodete e motorizada. Na década de 90
o Monte foi contemplado com casa de farinha elétrica. O meio de transporte
utilizado na época era carro de boi, cavalo e jumento e por volta dos anos 80
apareceu o primeiro carro motorizado do Sr. Dezinho da Silva. A agricultura
(feijão, milho e mandioca) era a fonte de sobrevivência e renda; as pessoas trabalhavam
em mutirões que tinha o nome de batalhão;
realizava também a despalha de milho (os agricultores colhiam seus milhos e
convidavam os moradores para a despalha). Durante o trabalho, as pessoas se
divertiam bebendo cachaça e “cantando versos e contando causos”.
A diversão mais comum era brincadeira
de rodas, bilisconder
(esconde-esconde), leitura de literatura de cordel, São João, o pau-de-sebo, e
no sábado de aleluia com a queima de Judas e quebra-potes.
Religiosidade. Na época da quaresma era muito respeitada. As
pessoas guardavam em sacos seus instrumentos musicais, como: violão e sanfona,
não ligavam rádio...
A luz era candeeiro, a base de
querosene; água era de tanques de barreira, que aparavam as águas das chuvas,
não tinham nenhum tratamento. Quando ficava muito tempo sem chover, as pessoas
pegavam água até mais de 6 km de distância.
Na década de 40, a comunidade começou
a crescer. Surgiram os primeiros comércios: o bar de Pedro Guilherme e uma
padaria de Pedro Bira; o primeiro rádio foi o de Maninho Silva, a primeira radiola
(vitrola) pertencia a Manoel Faustino, ambos os instrumentos funcionavam a
pilhas.
Na década de 60 a diversão passou a
ser forró, tocado pelo primeiro sanfoneiro da comunidade: Manoel Prudente de
Moraes, que deixou o ofício para Zé de Maninho. As roupas eram feitas de pano
saco, e usavam tanto homens como mulheres. Escolaridade só até 2ª série. A
maioria analfabetos. Os alimentos eram cozinhados em fogo de lenha com três
pedras no chão, chamada trempe. Para
dormir usavam camas feitas de varas e colchão de palha de milho (só para o
casal), para as crianças usava redes feitas de sacos, redes de fios para os
adultos tecidas pelas mulheres. Os alimentos, como milho e mandioca, eram
transportados em caçuá, feito de
cipó, as lenhas em ganchos feitos de madeiras.
Algumas pessoas importantes para a comunidade.
Alfredo: enfermeiro; Joaquim: carpinteiro – fazia caixões para sepultamento; Filadelfo: coveiro e conhecedor de
ervas medicinais também o lendário lobisomem; Aristides: fazendeiro que empregava maior número de pessoas; Joana: humorista da comunidade; Rogaciana e Francina: parteiras.
Além da falta d’água e atendimento
médico, a migração sempre foi um dos maiores problemas da comunidade desde a
fundação até hoje. Acredita-se que exista mais de 200 habitantes do Monte morando
no Estado de São Paulo, principal mente na cidade de Santos.
Na década de 80 a tecnologia chegava
ao Monte: a televisão perto e branco, que pertencia a Sr. João de Maninho, na
casa de quem a maioria dos moradores se reuniam para assistir as novelas, telejornais,
copa do mundo e principalmente filmes, destacando-se Tarzan e BJ; a primeira
geladeira foi possuída por Gervázio.
O Monte atingiu seu maior
desenvolvimento a partir da década de 90, quando passou a ser município de
Banzaê. Hoje o Monte é um povoado desenvolvido, tem uma escola que atende
alunos do primeiro ao nono do ensino fundamental, Igreja Católica, nas quais
os fiéis se reúnem pra louvar a Deus, Associações Comunitárias Rurais, Culturais e de Pais-e-Mestres,
através das quais já conseguiu recursos para a comunidade tais como: olaria,
casa de farinha eletrizada, trator agrícola, além de telefone, PSF inaugurado
em junho de 2008, abastecimento de água, sinal de TV (não funciona mais) Quadra poliesportiva e ruas pavimentadas.
A população do Monte atinge cerca de
510 habitantes (sem contar os que estão em outros estados), que ainda vivem da
agricultura, da aposentadoria rural e dos benefícios sociais.
O Monte é como qualquer outra
comunidade em fase de crescimento que tem seus problemas, mesmo assim estão com
o olhar voltado para o futuro. Os pais se preocupam com a educação dos seus
filhos, pois acreditam que através dela podemos transformar (para melhor) o
mundo onde vivemos.
Fonte de pesquisa: entrevista feita
por alunos ao Sr. José Dionísio Neto e adaptada pelos professores Josivan e José
Andrade.