Quando se aproximava a quaresma, em vários lugares dos interiores, se resguardavam em sinal de penitência e retiro espiritual pessoal. Era um tempo em que as pessoas aproveitavam para meditar mais sobre a sua fé por meio de “rezas”, jejum, esmolas e outros tipos de atos que pudessem caracterizar demonstração de fé. Esses costumes foram-se perdendo com o passar dos tempos influenciado por vários fatores, entre eles (podemos assim dizer) está a questão tecnológica, que vem “afastando” cada vez mais quem está perto, e “aproximando” quem está longe. Porém com um ponto a se observar: o contato pessoal direto não faz parte desse fenômeno. Vivemos em um mundo de paradoxo, em que os “contatos” são feitos de maneira virtual. O real fica apenas na imaginação, talvez como algo que aconteceu há vários anos e que servirá para serem postados (ao invés de contado de pessoa para pessoa) em sues “status”. Até as contagens de estórias estão se perdendo. Em consequência disso está o aumento da violência, da falta de respeito, da falta de fé e confiança (no sagrado e no homem). Deus parece ser algo que não faz parte [mais] da vida das pessoas. É bem verdade que a liberdade de expressão existe e tem que ser levada em conta, pois a fé forçada não deve existir. Nem mesmo Cristo aceitou isso, pois ele mesmo falou que “quem quiser segui-lo, deve tomar a sua cruz e ir depois dele” (Lucas 9,22-25).
Também, a fé não deve ter, e nem ser, apenas valor cultural, mas tem que ser um valor vivido pelas pessoas, seja em qual situação for. Se a religião não tem importância para a vida das pessoas, então porque na época em que as pessoas viviam segundo as doutrinas religiosas era mais respeitosas e respeitadas? Que a fé imposta não tem fundamento, isso é verdade. Mas depois da laicidade do Estado, não trouxe bons resultados, pois pregaram a liberdade de expressão sem pregarem o respeito e o amor ao próximo. Depois que a situação se agravou, hoje fala-se de respeito às diversidades de qualquer esfera social. Jesus não obrigou a ninguém viver Sua religião, mas falou que a verdadeira era aquela que fazia a vontade de Deus e ajudava aos podres e amparava as viúvas. Hoje as igrejas fazem um papel que deveria ser feito pelas instituições públicas governamentais. Isso faz lembrar um “discurso” de um professor da Escola José Dionísio (Monte): Janivon Alves. Ele diz que não é a favor das igrejas (Católicas ou Evangélicas) de fazerem trabalhos assistenciais, “pois esse é o papel dos governantes, e a Igreja o faz por causa da omissão deles”. Se a laicidade do Estado fosse vivida de maneira mais humana, não seria necessário ele (Janivon) expressar sua opinião, e nem essa publicação seria lida por vocês.
Bem! Mas um fato ainda pode-se dizer, e não se sabe até quando. Costume, ou fé, o Monte é o único Povoado na região que (ainda) se cultiva o hábito de guardar a quaresma um pouco parecido como era antes. Nesse período, existe um silêncio maior por parte dos donos de bares e boates e as pessoas normalmente não dançam. O barulho se torna mais “infernal” quando aparecem carros de som [potentes] de pessoas de outras localidades, que, proibidos pela lei de ligar o som onde eles moram, se refugiam no Monte onde ainda não tem essa lei. Fora do Monte, é a Lei, e aqui é o costume do povo. Mas entre a lei e o costume, esse último tem menos respeito e atenção, então prevalece o barulho infernal até às 00h00min ou mais trazidos pelos donos de carro que não respeitam as pessoas e muito menos as tradições de fé ou religiosidade, pois ninguém do Monte nunca fez uma denúncia desses que abusam do silêncio que muitos queriam viver.
Na quaresma de anos atrás, as cordas dos violões eram tiradas e pendurados nas paredes até terminar a quaresma, os rádios (ainda a pilha) eram enrolados por panos guardados em caixotes de madeira até passar os quarenta dias. Esse já acabou. Era um período que, por dificuldade de transportes as pessoas visitavam seus compadres e levavam seus filhos para pedir a bênção do de seus padrinhos e levavam presentes. O mais era goiabada e galo caipira.
Esse segundo costume no Monte ainda não se perdeu. Nesse período (agora com mais facilidade), os afilhados visitam seus padrinhos para pedir a bênção e levam sua “goiabada” e esperam, também, receber algo em troca (como de costume), na maioria dos casos, dinheiro.
Até quando esses costumes vão permanecer no Monte não se sabe. Mas é preciso fazer o máximo para que eles não se percam independente de ser manifestação de fé ou costume.
Esse segundo costume no Monte ainda não se perdeu. Nesse período (agora com mais facilidade), os afilhados visitam seus padrinhos para pedir a bênção e levam sua “goiabada” e esperam, também, receber algo em troca (como de costume), na maioria dos casos, dinheiro.
Até quando esses costumes vão permanecer no Monte não se sabe. Mas é preciso fazer o máximo para que eles não se percam independente de ser manifestação de fé ou costume.
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