domingo, 21 de novembro de 2021

Professora Dalva é homenageada na Escola Dr. Décio de Santana

Fotos: Roberto Alcântara 

Profa. Maria do Amparo
No dia 19 de novembro, a Escola Municipal Dr. Décio de Santana, situada na zona rural do município de Ribeira do Pombal-BA, realizou um evento de homenagem à professora Maria Dalva. Foi um projeto idealizado pela professora Maria do Amparo da Silva Correia, que foi sua aluna na infância (antigas 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental), essa mulher que é considerada o alicerce da Escola, da qual muitas pessoas passaram por suas mãos para terem os primeiros ensinamentos fora de casa.

O evento contou com a realização de vários atividades de homenagens, em sua grande maioria realizadas por alunos da Escola, entre eles, os alunos do Sexto e Sétimo Anos, os quais fizeram recital de poesias (criadas por eles mesmos a partir de histórias ouvidas por outras pessoas, visto que muitos deles não a conheciam). que contavam sua história de vida de maneira bem dinâmica. Não se pode negar que as emoções dos que participaram do ato estavam à flor da pele. Todos se sentiram envolvidos em cada recital feito, em cada leitura comum ou declarações espontâneas. 

Alguns ex-alunos e colegas de trabalho da época, apresentaram seus relatos sobre o tempo de convivência que tiveram com a Professora, entre eles José Andrade que hoje é um dos professores da Dr. Décio, Adelmo dos Santos e Carmosa que foi colega de trabalho exercendo a atividade de merendeira.

O que apresentamos agora é um resumo da pesquisa de um trabalho biográfico feito pela professora Maria do Amparo que deseja lançá-lo em livro futuramente. O Montenius teve o privilégio de receber e poder publicar parte dessa obra magnífica que não esperou a "partida" de uma pessoa para lhe render as homenagens devidas pelos belos trabalhos desenvolvidos.

A Escola Municipal Dr. Décio de Santana, através dos alunos do 6º ano de 2021, juntamente com a professora de Língua Portuguesa Maria do Amparo da Silva Correia, agradece e homenageia a professora Maria Dalva Pires de Alcântara.

Maria Dalva Pires de Alcântara, que nasceu no dia 25 de setembro de 1941 na Fazenda Monte Sé no Estado de Pernambuco. Recebeu o nome de Dalva porque seu pai era muito curioso e ele dizia que era em homenagem a estrela Dalva, sempre cantava para ela ouvir a música estrela Dalva que no céu fica sozinha.

Filha do senhor Francisco Ferreira de Alcântara e dona Maria José Pires, viveu sua infância com mais 10 irmãos (cinco homens e cinco mulheres). Seu pai era um fazendeiro forte, criava gado, era plantador de algodão e feijão. Seu estudo começou desde criança porque os fazendeiros se juntavam e pagavam uma professora particular para os filhos, quem não podia pagar, os filhos ficavam sem estudar. Quem morava longe de onde a professora ficava, ia a cavalo. As comemorações cívicas e outras festas da Escola quando estudava não sai de sua memória, também traz grandes recordações e exemplos bons de seus professores que foram fundamentais para o seu crescimento humano. Eles deixaram marcas boas e profundas em seu coração.

A prática religiosa é uma grande marca na sua vida. Como ela vem de tradições religiosas, continua até hoje. Atualmente participa (em Ribeira do Pombal) da Legião de Maria, Grupo da Mãe Rainha, Renovação Carismática e do grupo Pastoral da Criança, o qual tem um destaque por atender às questões de saúde, social e religiosa das crianças, e cada um tem deixado marcas muito grandes em sua vida. 

Terminou o Magistério em Belém do São Francisco no ano de 1968. Seu pai tinha o primo e amigo, o saudoso Epitácio que era morador do povoado Curral Falso e um outro amigo, Nilson Brito que morava na cidade de Ribeira do Pombal. Em janeiro de 1970, ela veio para a Bahia cheia de expectativas. Chegando em frente ao bar de Quinho, em Ribeira do Pombal, já tinha um jeep lhe esperando com o seu compadre, o senhor Leopoldo para levá-la a casa de Nilson Brito. Foi acolhida por ele e a esposa Lúcia Bacelar, pessoas por quem ela tem uma grande admiração e respeito. Depois foi levada para o Curral Falso. Epitácio a levou para ser contratada pelos vereadores para ser professora na comunidade do Curral Falso, mas naquela época tinha uma grande rivalidade de grupos, onde um era Boca Branca e o outro Boca Preta. Viviam de perseguição ao grupo que perdia. Quando ela foi apresentada ao prefeito da época, o senhor Pedro Rodrigues, eles não queriam que lhe contratasse porque ela era Boca Preta, mas ele deu um grande exemplo de ser humano e político olhando para o seu profissionalismo. Trabalhou na prefeitura até o final do ano de 1971. Fez um concurso para trabalhar no Estado. Em 1972 foi nomeada e com isso as coisas começaram a melhorar. Palavras dela: "Mas os políticos da época não tinham interesse pelos alunos e como eu sempre procurei melhorar as coisas pra eles, sempre sofri perseguições que chegaram até a derrubar uma parte do prédio e os alunos faziam as necessidades no mato".

Quando ela iniciou, a escola era pelo estado, mas enfrentou grandes dificuldades porque não tinha água encanada, pegava nos tanques, não tinha energia elétrica, corrigia as provas dos alunos no candeeiro, não tinha merenda para os alunos, foram momentos muito difíceis para lecionar, mas não deixava os problemas lhe abater.

A Professora Dalva casou-se, em 1971, com Walter José de Souza e tiveram 7 filhos (quatro mulheres e três homens - Walter Júnior, Urçulina, Adriano, Adriana, Tereza, Roberta e Roberto (Bebeto)). Morava na própria escola e tinha que fazer de tudo: de dona de casa a todas as funções da escola. 

Era de uma autoridade inigualável e de uma época na qual professor tinha autoridade plena sobre seus alunos. Eram considerados e respeitados como pais, e ai de um que não o obedecesse. Ainda que a Professora D. Dalva não demonstrasse tanta segurança (e isso não ocorria), sua voz tinha (e ainda tem) um timbre que punha autoridade de maneira natural. Imagina, então uma voz dessa dando uma bronca em alguém. Seus alunos relatam isso muito bem, mas nenhum, deles hoje reclamam disso. Muito pelo contrário: agradecem por cada chamada de atenção que ela dava. Isso os ajudaram no seus processos de formação pessoal, profissional e social de modo geral.

Tanto na religião, na educação e em demais vida pública, a Professora D. Dalva tem um reconhecimento ímpar. É uma pessoas que - como dito acima - buscar estar presente na vida das pessoas em várias áreas. Tanto que isso já lhe deram a honra de receber outras homenagens. Uma delas foi o título de Cidadã Pombalense no ano de 2018 pelo Vereador Pedro Mel, por quem ela tem grande respeito.

Além das homenagens à Professora Dalva, também foram lembrados no evento dois poetas de Ribeira do Pombal: Messias e Renata Poeta, sendo recital poesia de suas autorias por alunos do Sétimo Ano, e também teve premiação de alunos do Nono Ano que melhor comentaram sobre o livro "Diário de Anne Frank (trabalho solicitado pelo Prof. José Carlos), apresentados (no dia do evento) pelos alunos Pablo Sampaio, Fagner Júnior e Maria Clara. Ainda dando continuidade à premiação por leitura (do Clube do Livro do Projeto 200 dias de Leitura e Escrita). Nesse, os vencedores foram: Pablo Sampaio, 9º Ano (3º lugar), Thaunna, 7º Ano (2º lugar) e Fagner, 9º Ano (1º lugar).

Para melhor conhecer a história de vida dessa mulher que tanto colaborou com o crescimento, educação, ensinamento e formação de milhares de pessoas do município de Ribeira do Pombal (e por onde mais passou) vale apena aguardar o lançamento do livro de sua biografia que está sendo organizado pela professora Maria do Amparo.

3 comentários:

Unknown disse...

Parabéns,meu amigo! A matéria ficou maravilhosa.

Unknown disse...

Uma parte do que sou eu devo a Maria Dalva Alcântara de Souza.
Melhor professora de todos os tempos.
Obrigado professora Dalva por tudo que me ensinou.
Aqui é Dedé de mãe lia.

Anônimo disse...

Gratidão pela reportagem do meu trabalho. Parabéns pelo trabalho que faz divulgando notícias da região. Foi um trabalho gratificante. Fui aluna da professora Dalva na antiga terceira e quarta série. Hoje, como professora, está fazendo um trabalho como esse junto com meus alunos, é muito marcante e emocionante. Obrigada Deus por me permitir e viver esses momentos.