segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Comércio eleitoral


Aproxima-se a reta final do percurso do jogo mais concorrido no Brasil: as eleições municipais.  Foram três meses (oficiais) de luta em busca de seus objetivos: ocupar uma cadeira no Executivo ou no Legislativo municipal. Nestes poucos dias que se antecede o dia 7 de outubro, o cenário político de todas as cidades muda por completo. Nessa última semana, a perplexidade toma conta de todos: eleitores e candidatos. Essa é hora do “vale tudo” e também “valha-me Deus”. O que os candidatos passaram foram só um ensaio, um esquentar de turbinas e esquentar de motores, porque, na verdade, os atos decisivos começam a acontecer. É nesta última semana que os discursos mudam de rumo e direção por completo. Nessa hora, pouco vale as propostas de governo, mas vale a proposta “para mim”. Nessa hora, pouco vale as normas da Justiça Eleitoral (não as desmerecendo), e nesse momento, tem que ser jogadas todas as cartas, driblada a justiça e partir para o comércio eleitoral. Ah! Estava quase esquecendo desse detalhe principal. Nessa semana, não existe mais eleitor, como também não existem mais candidatos a uma vaga que vai administrar o município durante quatro anos, o que agora tem na verdade são mercadorias e comerciantes. O “CÁLICE” que Chico Buarque cantou na época da ditadura, quando a imprensa da elite e a censura calavam a voz dos menores, ressuscitam e ressurgem e duram quatro anos, com direito a renovação.
Blog de blogdojoilsoncosta :BLOGDOJOILSONCOSTA, RICARDO:53,0%. GORDO:34,8%. BERGUINHO:3,8%
O que é mais lamentável, é que nesse período ninguém mais tem valor. Isso mesmo! Se você, eleitor, que é procurado pelos políticos nessa reta final, está achando que está tendo prestigio, engana-se. O que, na verdade, você fazendo é enterrando-se e enterrando o desenvolvimento de seu município. Lamentavelmente, aqueles que receberam grandes favores durante a campanha, serão comprando por uns poucos reais e trocados por alguns assistencialismos barato. Parece que nesse momento nos encontramos “na hora da morte”. Essa nessa hora que o “Cálice” de Chico Buarque começa mais uma vez a encher-se de “vinho tinto de sangue”, expressão que ele usou para falar das injustiças e corrupção que assolava o país na época. Não sei quando, mas há quem tenha a esperança de uma dia o comércio eleitoral acabar, talvez seja na mesa época que a corrupção do Brasil se acabe. Pra ser mais otimista: nunca. Porque o povo aprendeu – em vez de valorizar – a apreçar o voto. É que esses exemplos são seguidos por quase todos. Não entendo: por que que o que é ruim é seguido pela maioria? Por que as ideias de democracia e políticas ensinadas pelos filósofos gregos não são vividos pela maioria? Até quando o ser humano vai chamar de escravos os afrodescendentes, quando na verdade os maiores escravos são os atuais (sem distinção de cor ou raça) que não uso nem “10% de sua cabeça animal” como disse Raul Seixas baseando-se na teoria da psicologia sobre a capacidade humana? Até quando os ser humano vai aceitar ser “as bugigangas” e os “escambos” recebidos pelos índios da época do descobrimento, aliás, da invasão do Brasil pelos europeus?
É triste ter que – em pleno terceiro milênio, na era da informação avançada, de um mundo brilhante (e mentes em trevas), concordar com o que Belchior disse a tanto tempo: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Nesse caso, cabe-nos rezar no sentido real o “afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue” de Chico Buarque.
Mas a esperança é ultima que morre. Tomara que ela “mate” a venda de palavra, de opiniões, de caráter, de consciência, para que o povo aprenda que “voto não tem preço, tem valor”.

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