Aproxima-se a reta final do percurso do jogo mais
concorrido no Brasil: as eleições municipais.
Foram três meses (oficiais) de luta em busca de seus objetivos: ocupar
uma cadeira no Executivo ou no Legislativo municipal. Nestes poucos dias que se
antecede o dia 7 de outubro, o cenário político de todas as cidades muda por completo. Nessa
última semana, a perplexidade toma conta de todos: eleitores e candidatos. Essa
é hora do “vale tudo” e também “valha-me Deus”. O que os candidatos passaram
foram só um ensaio, um esquentar de turbinas e esquentar de motores, porque, na
verdade, os atos decisivos começam a acontecer. É nesta última semana que os
discursos mudam de rumo e direção por completo. Nessa hora, pouco vale as propostas
de governo, mas vale a proposta “para mim”. Nessa hora, pouco vale as normas da
Justiça Eleitoral (não as desmerecendo), e nesse momento, tem que ser jogadas
todas as cartas, driblada a justiça e partir para o comércio eleitoral. Ah! Estava
quase esquecendo desse detalhe principal. Nessa semana, não existe mais eleitor,
como também não existem mais candidatos a uma vaga que vai administrar o
município durante quatro anos, o que agora tem na verdade são mercadorias e
comerciantes. O “CÁLICE” que Chico Buarque cantou na época da ditadura, quando
a imprensa da elite e a censura calavam a voz dos menores, ressuscitam e
ressurgem e duram quatro anos, com direito a renovação.
O que é mais lamentável, é que nesse período ninguém mais
tem valor. Isso mesmo! Se você, eleitor, que é procurado pelos políticos nessa
reta final, está achando que está tendo prestigio, engana-se. O que, na verdade,
você fazendo é enterrando-se e enterrando o desenvolvimento de seu município. Lamentavelmente,
aqueles que receberam grandes favores durante a campanha, serão comprando por
uns poucos reais e trocados por alguns assistencialismos barato. Parece que
nesse momento nos encontramos “na hora da morte”. Essa nessa hora que o “Cálice”
de Chico Buarque começa mais uma vez a encher-se de “vinho tinto de sangue”, expressão
que ele usou para falar das injustiças e corrupção que assolava o país na
época. Não sei quando, mas há quem tenha a esperança de uma dia o comércio
eleitoral acabar, talvez seja na mesa época que a corrupção do Brasil se acabe.
Pra ser mais otimista: nunca. Porque o
povo aprendeu – em vez de valorizar – a apreçar o voto. É que esses
exemplos são seguidos por quase todos. Não entendo: por que que o que é ruim é
seguido pela maioria? Por que as ideias de democracia e políticas ensinadas
pelos filósofos gregos não são vividos pela maioria? Até quando o ser humano
vai chamar de escravos os afrodescendentes, quando na verdade os maiores
escravos são os atuais (sem distinção de cor ou raça) que não uso nem “10% de
sua cabeça animal” como disse Raul Seixas baseando-se na teoria da psicologia
sobre a capacidade humana? Até quando os ser humano vai aceitar ser “as bugigangas”
e os “escambos” recebidos pelos índios da época do descobrimento, aliás, da invasão
do Brasil pelos europeus?
É triste ter que – em pleno terceiro milênio, na era da
informação avançada, de um mundo brilhante (e mentes em trevas), concordar com
o que Belchior disse a tanto tempo: “ainda somos os mesmos e vivemos como
nossos pais”. Nesse caso, cabe-nos rezar no sentido real o “afasta de mim esse cálice
de vinho tinto de sangue” de Chico Buarque.
Mas a esperança é ultima que morre. Tomara que ela “mate” a
venda de palavra, de opiniões, de caráter, de consciência, para que o povo
aprenda que “voto não tem preço, tem valor”.
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