

Ao se aproximar do altar na esplanada, os bispos entoaram um hino composto especialmente para o "Ano da Fé".
Quatorze dos 70 religiosos que participaram no Concílio Vaticano II (1962-65), entre eles o monsenhor Leonardo Felice, de 97 anos, ex-arcebispo de Cerreto (Itália), estavam na procissão.
Também se encontravam presentes o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I, e o chefe da Igreja Anglicana, o arcebispo Rowan Williams.
A cerimônia inaugural deste "Ano da Fé", que será celebrado até novembro de 2013, foi marcada pela recordação do Concílio que modernizou a Igreja depois da convocação do Papa João XXIII, que reuniu então 2.250 bispos provenientes de todos os continentes.
Bento XVI aproveitou o lançamento do "Ano da Fé" para fazer um apelo aos católicos para que se inspirem nos documentos do Concílio Vaticano II, "uma expressão luminosa da fé", e para que recuperem a "tensão positiva" de então.
Lamentou, no entanto, o "deserto que a fé atravessa em alguns países", mas assegurou que "também no deserto se pode voltar a descobrir o valor que é essencial para viver".
Do balcão do Vaticano, falando a milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Pontífice disse que "continua havendo discórdia" na Igreja Católica.
"No campo do senhor, continua havendo disputa, a fragilidade humana também está na Igreja", declarou o Papa, explicando que falava com uma "alegria mais sombria" do que a de seu antecessor, João XXIII, que do mesmo balcão falou aos fiéis no primeiro dia do Concílio, há 50 anos.
O Vaticano foi sacudido por um escândalo de vazamento de documentos secretos no âmbito do qual o mordomo do Papa foi condenado a 18 anos de prisão.
Ao se referir ao Concílio, Bento XVI falou da "primavera da Igreja".
"Ainda hoje somos felizes, mas nossa alegria é mais sombria, mais humilde", afirmou.
O patriarca da Igreja ortodoxa de Constantinopla, Bartolomeu I, parabenizou o diálogo dentro da Igreja católica.
"Nossa presença aqui mostra nosso compromisso para lançar a mensagem de salvação para nossos irmãos mais humildes: os pobres, os marginalizados", explicou.
Ao final da cerimônia, o Papa mandou várias "mensagens ao povo de Deus", como fez Paulo VI em 1965, no encerramento do Concílio Vaticano II.
Segundo os estudiosos, para o Papa alemão, o Concílio Vaticano II sofreu inúmeros desvios e não deu todos os frutos que deveria, mas continua sendo para a Igreja Católica o principal acontecimento das últimas décadas.
O 21º Concílio da história católica permitiu a abertura de uma instituição imóvel em relação às realidades do mundo e permitiu um "aggiornamento" ("modernização") sem precedentes da Igreja, segundo o termo escolhido pela pessoa que o convocou, João XXIII.
Dirigido pelo chamado "Papa Bom" e depois por Paulo VI, o Concílio trouxe consigo várias mudanças, entre elas a missa em idiomas vernáculos, a liberdade religiosa, a colaboração com outros credos cristãos e o respeito absoluto de outras religiões.
Cinquenta anos depois deste encontro que reuniu 2.251 bispos em Roma, hoje a Igreja está em crise com uma deserção em massa de fiéis, dificuldades de transmitir a mensagem evangélica, crise vocacional e a existência de inúmeros escândalos de corrupção e pedofilia.
As correntes conservadoras da Igreja atribuem tudo isso a uma interpretação errônea do Concílio, pois, para elas, as pessoas deixaram de falar de Deus e a religião não é mais ensinada corretamente.
Texto do Yahoo Notícias
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